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Poda e corte da castanheira

A poda é uma das intervenções culturais mais técnicas e decisivas na gestão de um castanhal, influenciando diretamente a forma, a saúde, a longevidade e, acima de tudo, a produtividade da castanheira. Consiste na eliminação seletiva de partes da árvore, como ramos, rebentos ou raízes, com objetivos bem definidos. Uma poda correta permite equilibrar o crescimento vegetativo com a produção de frutos, melhorar a qualidade das castanhas, facilitar as operações culturais e a colheita, e prevenir problemas fitossanitários. Pelo contrário, uma poda mal executada ou a ausência dela pode levar ao envelhecimento precoce da árvore, a produções irregulares e a um aumento da suscetibilidade a doenças.

Os objetivos da poda variam ao longo da vida da árvore. Nos primeiros anos, a poda de formação é fundamental para construir uma estrutura esquelética sólida e equilibrada, que seja capaz de suportar o peso das colheitas futuras e que permita uma boa iluminação e arejamento da copa. Uma vez que a árvore atinge a idade adulta e entra em plena produção, a poda de manutenção ou de frutificação torna-se a prática anual principal. O seu objetivo é manter a forma da árvore, renovar os ramos produtivos e garantir um equilíbrio entre o crescimento e a produção.

O castanheiro frutifica nos ramos do ano, ou seja, nos rebentos que crescem na primavera. Estes rebentos desenvolvem-se a partir de gomos formados no ano anterior. A poda deve, portanto, procurar estimular a formação de novos ramos bem posicionados e vigorosos, ao mesmo tempo que elimina a madeira velha, doente ou mal localizada. Compreender esta fisiologia da frutificação é a chave para realizar uma poda que promova a produção em vez de a comprometer.

É essencial que a poda seja realizada com ferramentas adequadas, bem afiadas e desinfetadas, para garantir cortes limpos e evitar a transmissão de doenças. A época em que a poda é realizada é também de extrema importância. A poda principal deve ser feita durante o período de repouso vegetativo, no inverno, mas pequenas intervenções em verde, durante a primavera ou o verão, podem ser necessárias para corrigir ou orientar o crescimento.

Poda de formação

A poda de formação é realizada durante os primeiros 3 a 5 anos após a plantação e é um investimento no futuro da árvore. O seu objetivo primordial é criar uma estrutura forte e bem equilibrada, definindo a forma de condução que a árvore terá ao longo da sua vida. As formas de condução mais comuns para a castanheira são o vaso (ou taça) e o eixo central. A escolha depende das preferências do agricultor, do compasso de plantação e da maquinaria a utilizar.

Na condução em vaso, selecionam-se 3 a 4 ramos principais (pernadas), inseridos a diferentes alturas e direções à volta de um tronco curto (geralmente entre 0,8 e 1,2 metros de altura). Esta estrutura aberta permite uma excelente penetração da luz no interior da copa. Nos anos seguintes, a poda consistirá em selecionar ramos secundários sobre estas pernadas, eliminando os que crescem para o interior ou que concorrem entre si, para manter a forma de taça aberta.

Na condução em eixo central, mantém-se um ramo central dominante (o eixo), a partir do qual se desenvolvem, em espiral, andares de ramos primários mais curtos. Esta forma resulta numa árvore com uma estrutura mais piramidal. Independentemente da forma escolhida, é crucial selecionar ramos com um bom ângulo de inserção no tronco (entre 45 e 60 graus). Ângulos muito fechados criam uniões frágeis que podem quebrar facilmente com o peso dos frutos ou a força do vento.

Durante a fase de formação, a intensidade da poda deve ser moderada, eliminando apenas os ramos estritamente necessários para definir a estrutura. Podas muito severas nesta fase podem atrasar a entrada em produção da árvore. O objetivo é orientar o crescimento, e não apenas cortar. Por vezes, em vez de eliminar um ramo, pode-se optar por arqueá-lo ou despontá-lo para controlar o seu vigor e orientar o seu crescimento.

Poda de manutenção ou de frutificação

Uma vez que a árvore está formada e em plena produção, a poda de manutenção torna-se uma operação anual, realizada durante o inverno. O principal objetivo é manter o equilíbrio alcançado na fase de formação, assegurando uma produção regular e de qualidade ano após ano. Esta poda visa controlar o tamanho da árvore, renovar a madeira produtiva e manter a copa arejada e bem iluminada.

A operação começa com uma poda de limpeza, que consiste na remoção de toda a madeira morta, doente, partida ou danificada. Devem também ser eliminados os ramos ladrões, que são rebentos muito vigorosos e verticais que geralmente surgem nos ramos principais e consomem muita energia, e os ramos que crescem para o interior da copa ou que se cruzam com outros, causando feridas por fricção e ensombramento.

De seguida, procede-se a uma poda de arejamento e de renovação. O objetivo é clarear o interior da copa para permitir uma melhor penetração da luz solar, o que é essencial para a qualidade dos frutos e para a diferenciação dos gomos florais. Esta operação envolve a eliminação seletiva de alguns ramos, privilegiando aqueles que estão em piores condições ou mal localizados. Ao mesmo tempo, procura-se rejuvenescer a árvore, encurtando alguns ramos mais velhos para estimular a emissão de novos rebentos mais perto da estrutura principal, que se tornarão os ramos produtivos nos anos seguintes.

A intensidade da poda de manutenção deve ser ajustada em função do vigor da árvore e da produção do ano anterior. Uma árvore que produziu muito num ano pode necessitar de uma poda ligeiramente mais intensa para estimular o crescimento vegetativo. Pelo contrário, uma árvore muito vigorosa e com pouca produção deve ser podada com mais moderação para não estimular ainda mais o seu crescimento em detrimento da frutificação. O objetivo é sempre o equilíbrio.

Poda em verde e outras intervenções

A poda em verde refere-se a todas as intervenções de poda realizadas durante o período de crescimento ativo da planta, desde a primavera até ao final do verão. São geralmente intervenções mais ligeiras do que a poda de inverno, mas muito eficazes para orientar o crescimento das árvores jovens ou para corrigir pequenos desequilíbrios nas árvores adultas. Como os cortes são feitos em tecidos herbáceos ou pouco lenhificados, a cicatrização é muito rápida.

Nas árvores jovens, a poda em verde é particularmente útil. A eliminação de rebentos mal inseridos ou concorrentes (a chamada desladroamento) logo que eles aparecem evita que a planta gaste energia em ramos que seriam eliminados no inverno seguinte. Esta operação permite concentrar o crescimento nos ramos que se pretende que formem a estrutura principal da árvore, acelerando a sua formação.

Nas árvores adultas, a poda em verde pode ser usada para eliminar os ramos ladrões que surgem com muito vigor no interior da copa, evitando que estes sombreiem os frutos e os ramos produtivos. A desponta de alguns ramos demasiado compridos também pode ser realizada para estimular a ramificação. No entanto, a poda em verde deve ser feita com critério, pois a eliminação de folhas reduz a capacidade fotossintética da planta. Deve ser vista como um complemento à poda de inverno e não como uma substituição.

Outra intervenção relacionada é a incisão anelar, uma técnica que consiste em remover um anel estreito de casca de um ramo para estimular a frutificação. Ao interromper temporariamente o fluxo de seiva descendente, acumulam-se hidratos de carbono na parte superior do ramo, o que pode favorecer a diferenciação de gomos florais. É uma técnica muito específica, que deve ser usada com conhecimento e cautela, pois se for mal executada pode levar à morte do ramo.

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