Doenças e pragas do corniso florido

Apesar da sua beleza estonteante, o corniso florido é suscetível a uma série de doenças e pragas que podem comprometer seriamente a sua saúde e aparência. Estar ciente destes potenciais problemas e saber como os identificar e gerir é fundamental para qualquer proprietário desta magnífica árvore. Desde doenças fúngicas devastadoras, como a antracnose, a pragas de insetos persistentes, como as brocas, a vigilância constante e a intervenção atempada são as melhores ferramentas de defesa. Uma abordagem proativa, focada na prevenção através de boas práticas culturais, é muitas vezes mais eficaz do que tentar remediar um problema já estabelecido. Este guia detalhado irá explorar as ameaças mais comuns ao corniso florido e fornecer estratégias para as manter sob controlo.
A antracnose do corniso, causada pelo fungo Discula destructiva, é indiscutivelmente a doença mais grave que afeta esta espécie. Os sintomas iniciais incluem manchas castanhas de tamanho médio nas folhas, muitas vezes com um halo roxo, que podem evoluir para queimar e secar grandes áreas da folha. A infeção pode progredir a partir das folhas para os pequenos ramos, causando a morte destes e a formação de cancros. Em casos graves e não tratados, a doença pode matar a árvore inteira em poucos anos. O tempo fresco e húmido na primavera favorece o desenvolvimento e a propagação da doença.
A prevenção é a melhor estratégia contra a antracnose. Começa por escolher variedades resistentes à doença, como as da série ‘Appalachian’ da Universidade do Tennessee. Melhora a circulação de ar em redor da árvore através de uma poda criteriosa, removendo ramos densos e cruzados para permitir que a folhagem seque rapidamente. Evita a rega por aspersão que molha as folhas; em vez disso, rega na base da árvore. No outono, remove e destrói todas as folhas caídas, pois o fungo pode hibernar nestes detritos.
Se a infeção já estiver presente, a poda sanitária é crucial. Remove e destrói todos os ramos e galhos doentes ou mortos assim que os detetares. Certifica-te de cortar até ao tecido saudável, bem abaixo de qualquer cancro visível, e desinfeta as ferramentas de poda entre cortes com uma solução de lixívia a 10% ou álcool para evitar a propagação do patógeno. Em casos de infeções recorrentes ou graves, a aplicação de fungicidas pode ser necessária.
A aplicação de fungicidas deve ser feita de forma preventiva, começando na rebentação dos gomos na primavera e repetindo em intervalos recomendados no rótulo do produto, especialmente durante períodos chuvosos. Os fungicidas que contêm ingredientes ativos como clorotalonil, mancozebe ou propiconazol demonstraram ser eficazes. No entanto, o uso de químicos deve ser visto como um complemento, e não um substituto, para boas práticas culturais, que formam a base da gestão da doença.
Mais artigos sobre este tópico
Oídio
O oídio é outra doença fúngica comum que afeta o corniso florido, embora seja geralmente menos destrutiva do que a antracnose. É facilmente identificável pela sua aparência caraterística: uma cobertura branca e pulverulenta que se desenvolve na superfície das folhas, e por vezes nos rebentos e flores. Embora raramente mate a árvore, uma infeção severa pode reduzir a fotossíntese, causar o enrolamento e a distorção das folhas, e diminuir o vigor geral e o valor estético da planta.
O oídio prospera em condições de alta humidade, especialmente durante as noites frescas, seguidas de dias quentes e secos. Ao contrário de muitos outros fungos, não requer água livre na superfície da folha para germinar, o que significa que pode ser um problema mesmo em verões relativamente secos. A sombra e a má circulação de ar criam um microclima ideal para o desenvolvimento do fungo, tornando as árvores plantadas em locais inadequados particularmente vulneráveis.
A gestão do oídio começa, mais uma vez, com a prevenção. Planta o teu corniso num local que receba um bom sol da manhã para ajudar a queimar o orvalho da folhagem. Garante um espaçamento adequado entre as plantas para promover uma boa circulação de ar. A poda seletiva para abrir a copa da árvore também pode melhorar significativamente o fluxo de ar. Evita a adubação excessiva com azoto, pois o crescimento novo e suculento é especialmente suscetível ao oídio.
Para infeções ligeiras a moderadas, existem várias opções de tratamento. Fungicidas hortícolas, como o óleo de neem ou o enxofre, podem ser eficazes se aplicados ao primeiro sinal da doença e repetidos regularmente. Em casos mais graves, podem ser necessários fungicidas sintéticos contendo ingredientes como miclobutanil ou tebuconazol. Como sempre, lê e segue as instruções do rótulo cuidadosamente. A seleção de cultivares resistentes ao oídio é também uma excelente medida preventiva.
Mais artigos sobre este tópico
Broca do corniso
A broca do corniso (Synanthedon scitula) é uma das pragas de insetos mais destrutivas para esta árvore. A praga é a larva de uma pequena mariposa que se assemelha a uma vespa. As larvas adultas põem os seus ovos na casca, geralmente perto de feridas, cortes de poda ou outras áreas danificadas do tronco e dos ramos principais. Quando as larvas eclodem, perfuram a casca e alimentam-se do tecido do câmbio, logo abaixo da casca. Esta alimentação interrompe o fluxo de água e nutrientes, podendo anelar e matar ramos ou mesmo a árvore inteira.
Os sinais de uma infestação de brocas incluem a presença de pequenos orifícios no tronco, muitas vezes com uma substância gomosa ou serradura a sair deles. A casca sobre as galerias das larvas pode parecer afundada ou rachada. O declínio geral da árvore, como o amarelecimento da folhagem, a morte de ramos e um vigor reduzido, pode também indicar um problema de brocas. As árvores jovens e as árvores stressadas por seca, danos mecânicos ou plantação inadequada são as mais vulneráveis.
A prevenção é a chave para o controlo da broca do corniso. A medida preventiva mais importante é manter a árvore saudável e vigorosa, pois as brocas são atraídas por árvores stressadas. Evita causar feridas no tronco com corta-relvas ou aparadores de relva. Realiza a poda corretamente, fazendo cortes limpos que cicatrizam rapidamente. Rega a árvore adequadamente durante os períodos de seca para evitar o stress hídrico. A simples manutenção da saúde da árvore torna-a muito menos atrativa para esta praga.
Se uma infestação for detetada, o controlo pode ser difícil. Para infestações ligeiras, pode ser possível matar as larvas individuais inserindo um fio fino no orifício para as espetar. No entanto, para infestações mais graves, o tratamento químico pode ser necessário. Inseticidas contendo permetrina ou bifentrina podem ser aplicados no tronco e nos ramos principais para matar as larvas recém-eclodidas antes que estas penetrem na casca. A aplicação deve ser cronometrada para coincidir com o período de voo das mariposas adultas e a postura dos ovos, geralmente no final da primavera e início do verão.
Mancha foliar por septoria e outras manchas foliares
Para além da antracnose, o corniso florido pode ser afetado por várias outras doenças de mancha foliar, sendo a mancha foliar por Septoria uma das mais comuns. Esta doença fúngica causa pequenas manchas angulares a irregulares nas folhas, que são tipicamente castanhas ou roxas com um centro cinzento. Embora geralmente não seja tão grave como a antracnose, uma infeção severa pode causar a desfoliação prematura, o que enfraquece a árvore ao longo do tempo. As condições húmidas da primavera e do verão favorecem o seu desenvolvimento.
Outros fungos, como os dos géneros Cercospora e Phyllosticta, também podem causar manchas foliares no corniso. Os sintomas são geralmente semelhantes: manchas localizadas de tecido morto nas folhas. A identificação exata do patógeno pode requerer uma análise laboratorial, mas felizmente as estratégias de controlo para a maioria das doenças de mancha foliar são muito semelhantes. A chave é reduzir a humidade na folhagem e remover as fontes de inóculo do fungo.
As práticas culturais são a primeira linha de defesa. Tal como com a antracnose e o oídio, melhora a circulação de ar através de uma poda adequada e evita a rega por aspersão. A recolha e destruição das folhas caídas no outono é de importância crítica, pois estes fungos hibernam nas folhas infetadas. Esta simples medida de saneamento pode reduzir drasticamente a quantidade de inóculo disponível para infetar a árvore na primavera seguinte.
A aplicação de fungicidas raramente é necessária para controlar estas manchas foliares em árvores de paisagem, a menos que a desfoliação seja severa e recorrente ano após ano. Se for necessário um tratamento, os mesmos fungicidas usados para a antracnose (como clorotalonil ou mancozebe) são geralmente eficazes. As aplicações devem começar assim que as folhas se expandem na primavera e continuar em intervalos regulares durante o tempo húmido, conforme indicado no rótulo do produto.
Apodrecimento da coroa e das raízes
O apodrecimento da coroa e das raízes é um problema sério, frequentemente causado por fungos do solo do género Phytophthora. Esta doença é quase sempre associada a solos mal drenados ou a práticas de rega excessiva. O fungo ataca o sistema radicular e a coroa da árvore (a área onde o tronco emerge do solo), causando o apodrecimento dos tecidos. Como o sistema radicular é destruído, a árvore não consegue absorver água e nutrientes, levando a um declínio gradual e, eventualmente, à morte.
Os sintomas acima do solo do apodrecimento das raízes podem ser enganadores e assemelham-se aos do stress por seca. A folhagem pode parecer murcha, amarelada ou atrofiada. O crescimento geral da árvore será lento e pode haver a morte de ramos. Um exame mais atento da base do tronco pode revelar uma casca escura, descolorida e possivelmente húmida. Se raspares a casca exterior nesta área, o tecido interior (câmbio) estará acastanhado e morto, em vez de verde ou branco e saudável.
A prevenção é a única abordagem prática para o apodrecimento das raízes, pois o tratamento de uma árvore infetada é extremamente difícil. A medida preventiva mais importante é garantir uma excelente drenagem. Nunca plantes um corniso num local onde a água tende a acumular-se. Se o teu solo for pesado e argiloso, emenda-o com matéria orgânica para melhorar a sua estrutura ou planta a árvore num canteiro elevado. Evita plantar a árvore demasiado fundo; a coroa radicular deve estar ao nível do solo ou ligeiramente acima.
Evita a rega excessiva e nunca deixes o solo ficar encharcado. Deixa a camada superior do solo secar entre as regas. Evita amontoar mulch contra o tronco, pois isso retém a humidade e cria um ambiente ideal para o desenvolvimento de fungos. Infelizmente, uma vez que uma árvore está severamente infetada com Phytophthora, há pouco que se possa fazer para a salvar. A remoção da árvore infetada e a melhoria da drenagem do solo antes de replantar são geralmente as únicas opções.
📷 Flickr / Szerző: David Illig / Licence: CC BY-NC-SA 2.0