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A poda e o corte do alecrim

A poda é uma das práticas de manutenção mais importantes para o alecrim, desempenhando um papel multifacetado que vai muito além da simples colheita de ramos para uso culinário. É uma arte que, quando executada corretamente, molda a forma da planta, estimula um crescimento mais denso e vigoroso, e previne que esta se torne excessivamente lenhosa e desprovida de folhagem na sua base, um problema comum em exemplares negligenciados. Um regime de poda regular e ponderado não só garante uma planta mais saudável e produtiva, como também prolonga a sua vida útil e mantém a sua aparência compacta e ornamental. Dominar a técnica e o momento certo para a poda é essencial para libertar todo o potencial desta maravilhosa erva mediterrânica.

A razão fundamental para podar o alecrim reside na sua tendência natural de crescimento. Com o tempo, os caules inferiores começam a lignificar, ou seja, a transformar-se em madeira, e perdem a capacidade de produzir novos rebentos verdes. Se não for podada, a planta continuará a crescer a partir das pontas, resultando em caules longos e nus com apenas um tufo de folhas no topo. A poda regular incentiva a planta a ramificar-se a partir de pontos mais baixos, promovendo uma estrutura mais cheia, arbustiva e com uma abundância de folhagem jovem e tenra, que é a mais desejável para cozinhar.

A melhor altura para realizar uma poda mais estrutural é na primavera, logo após o período de floração ter terminado. Podar nesta altura permite remover as hastes florais gastas e dar forma à planta antes do início do principal surto de crescimento da estação. Isto dá à planta tempo suficiente para recuperar e produzir uma abundância de novos ramos durante o verão. Uma segunda poda ligeira pode ser feita no final do verão ou início do outono para arrumar a planta, mas deve-se evitar podas severas nesta altura, pois o novo crescimento pode não ter tempo para amadurecer antes da chegada do frio.

A regra mais importante na poda do alecrim é nunca cortar a madeira velha e nua da base da planta, pois esta raramente voltará a brotar. Os cortes devem ser sempre feitos na parte verde e flexível dos caules. Uma boa diretriz é nunca remover mais de um terço da massa total da planta de uma só vez. Uma poda demasiado drástica pode causar um choque severo à planta, do qual pode não conseguir recuperar, especialmente se for mais velha.

A técnica de poda para formação

Para manter o alecrim compacto e bem formado, a técnica de “beliscar” ou desbastar as pontas é extremamente eficaz, especialmente em plantas jovens. Esta prática consiste em cortar regularmente as pontas dos ramos, com cerca de 5 a 10 centímetros. Cada corte deve ser feito logo acima de um par de folhas. Isto irá estimular os gomos latentes nesse nó a desenvolverem-se, resultando em dois novos ramos onde antes havia apenas um, criando assim uma planta muito mais densa e ramificada.

Esta poda de manutenção pode ser feita ao longo de toda a estação de crescimento, da primavera ao outono. Na verdade, a colheita regular de ramos para uso culinário funciona como uma forma contínua de poda de formação. Em vez de arrancar apenas as folhas, habitue-se a cortar pequenas pontas de ramos. Isto não só lhe fornece os melhores e mais tenros rebentos, como também beneficia a planta, mantendo-a constantemente a ramificar-se e a produzir novo crescimento.

Ao podar para dar forma, é importante ter em mente a aparência geral que se deseja para a planta. Rode a planta e observe-a de todos os ângulos para identificar ramos que estejam a crescer de forma desordenada, cruzados ou demasiado longos. O objetivo é criar uma forma equilibrada e permitir que a luz e o ar penetrem em todas as partes da planta. Utilize sempre ferramentas de poda limpas e afiadas, como uma tesoura de podar ou uma tesoura de jardim, para fazer cortes limpos que cicatrizam rapidamente.

Para plantas mais velhas que já se tornaram um pouco lenhosas, uma poda de rejuvenescimento pode ser tentada, mas deve ser feita com muito cuidado e de forma gradual. Em vez de cortar tudo de uma vez, pode-se podar um terço dos ramos mais velhos mais severamente na primavera, cortando até ao ponto mais baixo onde ainda haja algum crescimento verde. No ano seguinte, poda-se outro terço, e assim sucessivamente. Este método gradual é menos chocante para a planta e pode ajudar a estimular novo crescimento a partir da base ao longo do tempo.

A poda como método de colheita

A colheita é, na prática, a forma mais comum e regular de podar o alecrim. A melhor altura do dia para colher é de manhã, depois de o orvalho ter evaporado, mas antes de o sol forte do meio-dia atingir a planta. É neste momento que a concentração de óleos essenciais nas folhas está no seu pico, o que se traduz no máximo de aroma e sabor. A colheita pode ser feita durante todo o ano, conforme necessário, mas o sabor é geralmente mais intenso durante a primavera e o verão.

Para colher, selecione os ramos mais jovens e de crescimento mais recente, pois são os mais macios e saborosos. Utilizando uma tesoura, corte o comprimento de ramo de que necessita, lembrando-se sempre da regra de cortar acima de um conjunto de folhas para promover a ramificação. Evite colher mais de um terço da planta de cada vez para garantir que ela tem folhagem suficiente para continuar a realizar a fotossíntese e a crescer de forma saudável.

Se precisar de uma grande quantidade de alecrim de uma só vez, por exemplo, para secar ou fazer infusões, é preferível colher um pouco de muitos ramos diferentes em vez de desbastar completamente uma única secção da planta. Esta abordagem mantém a forma equilibrada da planta e garante uma recuperação mais rápida e uniforme. Após uma colheita mais substancial, é uma boa prática regar a planta para ajudar a reduzir o stress.

Durante o final do outono e o inverno, a colheita deve ser mais moderada. A planta está a crescer muito lentamente ou está em dormência, e a sua capacidade de produzir novo crescimento para substituir o que foi cortado é limitada. Colher apenas o estritamente necessário durante este período permite que a planta conserve a sua energia e a sua massa foliar, que oferece alguma proteção contra o frio, ajudando-a a sobreviver melhor à estação fria.

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