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A poda e o corte da dália

A poda e o corte da dália são técnicas de jardinagem proativas que transformam uma planta potencialmente desordenada numa produtora prolífica de flores de alta qualidade. Longe de serem práticas prejudiciais, estes cortes deliberados direcionam a energia da planta de formas específicas, resultando em plantas mais robustas, mais ramificadas e com um período de floração mais longo e abundante. Desde o “pinçar” inicial para promover uma estrutura arbustiva até ao “deadheading” regular para incentivar novas flores, dominar estas técnicas de poda é fundamental para maximizar o desempenho das tuas dálias e garantir que elas sejam a estrela do teu jardim de verão e outono.

A primeira e talvez a mais impactante técnica de poda é conhecida como “pinçar” ou “topping”. Esta prática é realizada no início da estação, quando a planta jovem atinge uma altura de cerca de 30 a 40 centímetros e já desenvolveu três a quatro pares de folhas verdadeiras. O processo envolve a remoção da ponta do caule de crescimento principal, cortando-o logo acima de um conjunto de folhas. Este ato, embora possa parecer contra-intuitivo, remove a dominância apical do caule principal, que de outra forma continuaria a crescer para cima como um único caule.

O resultado do pinçar é que a planta é estimulada a enviar energia para os gomos laterais localizados nas axilas das folhas restantes. Estes gomos irão então desenvolver-se em múltiplos caules laterais. Em vez de uma única haste principal com uma flor no topo, terás agora uma planta com uma base muito mais forte e múltiplos caules, cada um capaz de produzir flores. Esta técnica cria uma planta mais cheia, mais arredondada e estruturalmente mais sã, que é menos propensa a partir-se com o vento.

Embora o pinçar atrase a primeira floração por uma ou duas semanas, a recompensa é um aumento significativo no número total de flores produzidas ao longo da estação. A planta resultante será mais compacta e terá uma aparência muito mais agradável no canteiro do jardim. Esta técnica é altamente recomendada para quase todas as variedades de dálias, com a possível exceção de algumas variedades anãs que já são naturalmente compactas e ramificadas. É um pequeno sacrifício inicial para um ganho muito maior a longo prazo.

O deadheading para uma floração contínua

O “deadheading”, que consiste na remoção regular das flores murchas, é uma das tarefas de manutenção mais importantes para garantir uma floração contínua ao longo de toda a estação. Assim que uma dália floresce e é polinizada, o seu objetivo biológico muda da produção de flores para a produção de sementes. A planta começa a canalizar uma quantidade significativa da sua energia para o desenvolvimento da cápsula de sementes. Ao remover a flor gasta antes que ela tenha a oportunidade de produzir sementes, estás a enganar a planta, fazendo-a “pensar” que precisa de produzir mais flores para cumprir a sua missão reprodutiva.

A técnica correta de deadheading é crucial para obter os melhores resultados. Não basta simplesmente arrancar as pétalas murchas ou cortar a cabeça da flor. É necessário seguir o pedúnculo da flor gasta até ao ponto onde ele se encontra com um conjunto de folhas ou um gomo lateral. O corte deve ser feito nesse ponto. Isto não só remove a flor gasta de forma limpa, como também estimula o crescimento dos gomos laterais que se encontram abaixo do corte, que serão as próximas flores a desabrochar.

Saber distinguir entre um botão floral e uma cápsula de semente em formação é uma habilidade importante. Os botões florais são geralmente redondos e firmes, enquanto as flores gastas que começam a formar sementes tornam-se pontiagudas e cónicas. Esta distinção ajuda-te a evitar cortar acidentalmente as flores que ainda estão para vir. Torna o deadheading um hábito regular, percorrendo as tuas plantas a cada dois ou três dias com uma tesoura de poda afiada. Esta atenção constante irá manter as tuas plantas com um aspeto arrumado e a produzir flores sem parar.

Para além de prolongar a floração, o deadheading regular também ajuda a prevenir doenças. As flores em decomposição podem abrigar fungos, como a podridão cinzenta (Botrytis), especialmente em tempo húmido. Ao remover prontamente este material em decomposição, estás a reduzir os locais onde as doenças se podem instalar e a melhorar a circulação de ar dentro da planta, contribuindo para a sua saúde geral e para uma exibição de flores mais limpa e atraente.

A poda para qualidade e tamanho da flor

Para os jardineiros que procuram maximizar o tamanho das flores, especialmente para variedades de exposição ou para criar um ponto focal dramático, uma técnica de poda mais avançada chamada “desbotoação” pode ser empregada. A maioria das dálias produz flores em grupos de três no final de um caule: um botão central (terminal) e dois botões laterais. O botão central é geralmente o primeiro a abrir e tem o potencial de se tornar a maior e mais bem formada flor, uma vez que recebe a maior parte da energia do caule.

A desbotoação consiste em remover cuidadosamente os dois botões laterais mais pequenos, assim que forem grandes o suficiente para serem manuseados sem danificar o botão central. Podes simplesmente beliscá-los com os dedos. Ao remover estes botões laterais, toda a energia que seria distribuída pelos três botões é agora concentrada exclusivamente no desenvolvimento do botão terminal. Isto resulta numa única flor significativamente maior, com um caule mais longo e mais forte, tornando-a ideal para exposições ou como uma flor de corte espetacular.

Esta técnica é mais relevante para as variedades de dálias de flores grandes, como as decorativas gigantes ou as do tipo cato. Para variedades mais pequenas, como as pompom ou as de flor única, a desbotoação não é geralmente necessária nem desejável, uma vez que o objetivo com estas variedades é muitas vezes uma exibição de massa de múltiplas flores. A desbotoação é uma questão de preferência pessoal: queres uma quantidade maior de flores de tamanho médio ou um número menor de flores verdadeiramente gigantes?

Outra forma de poda para a qualidade é a remoção seletiva de alguns caules. Numa planta bem ramificada após o pinçar, podes ter um excesso de caules a competir por luz e recursos. Se o teu objetivo é a qualidade em vez da quantidade, podes optar por remover alguns dos caules mais fracos ou mais apinhados na base da planta. Isto permite que os caules restantes recebam mais luz, ar e nutrientes, resultando em flores de melhor qualidade nesses caules. Esta poda de desbaste melhora a circulação de ar, o que também ajuda na prevenção de doenças.

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