A hibernação da dissódia peluda

A questão da hibernação da dissódia peluda, ou Thymophylla tenuiloba, depende inteiramente do clima da região onde é cultivada. Esta planta, nativa de climas quentes do sul dos Estados Unidos e do México, é botanicamente classificada como uma perene de curta duração ou uma perene tenra. Isto significa que tem a capacidade de viver por mais de um ano, mas apenas em áreas onde os invernos são suficientemente amenos para que possa sobreviver. Nas zonas de robustez do USDA 9 a 11, onde as temperaturas de inverno raramente descem abaixo de -6°C, a dissódia peluda comporta-se como uma perene, entrando num estado de dormência ou semi-dormência durante os meses mais frios e retomando o seu crescimento vigoroso na primavera. Em climas mais frios, no entanto, a sua sobrevivência ao ar livre durante o inverno é impossível, sendo tratada como uma planta anual.
Em regiões com invernos rigorosos, a dissódia peluda completa o seu ciclo de vida numa única estação. Germina na primavera, cresce, floresce profusamente durante o verão e o outono, e morre com as primeiras geadas fortes. Para os jardineiros nestas zonas, a “hibernação” não se aplica à planta em si, mas sim à sua continuidade através das sementes. A planta tem uma excelente capacidade de se autosemear. Se as flores murchas não forem removidas no final da estação, elas produzirão sementes que cairão no solo. Estas sementes permanecerão dormentes durante o inverno e germinarão na primavera seguinte, quando as condições de temperatura e luz se tornarem favoráveis.
Este ciclo de autosemeadura pode ser tão fiável que muitos jardineiros em climas frios têm a impressão de que a sua dissódia peluda sobreviveu ao inverno, quando na realidade estão a ver uma nova geração de plantas a emergir. Esta é uma estratégia de sobrevivência eficaz para a espécie, garantindo a sua perpetuação mesmo em ambientes onde a planta-mãe não consegue resistir ao frio. Gerir esta característica é simples: para incentivar a autosemeadura, basta deixar a planta em paz no final do outono; para a controlar, remova as flores antes que formem sementes e limpe os detritos da planta após a primeira geada.
Para aqueles que desejam preservar uma planta específica, talvez uma com características excecionais, existem métodos para a ajudar a passar o inverno, mesmo em climas mais frios. Isto pode envolver trazer a planta para dentro de casa ou protegê-la de formas específicas no exterior em zonas de transição. Compreender a tolerância da planta ao frio e as opções disponíveis para a sua proteção é essencial para decidir qual a melhor abordagem a seguir, transformando esta planta “anual” numa companhia de jardim por vários anos.
Preparação para o inverno em climas amenos
Em regiões onde a dissódia peluda pode sobreviver ao inverno ao ar livre (zonas 9-11), alguns cuidados no outono podem aumentar as suas chances de uma recuperação vigorosa na primavera. À medida que as temperaturas começam a baixar e o crescimento da planta abranda, é aconselhável reduzir a frequência da rega. O solo mais seco durante o inverno ajuda a prevenir o apodrecimento das raízes, que é um risco maior quando o crescimento ativo cessa e o solo permanece frio e húmido por longos períodos. A fertilização deve ser completamente interrompida no final do verão ou início do outono para não estimular um novo crescimento tenro que seria facilmente danificado pelo frio.
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Uma poda ligeira no final do outono pode ser benéfica. Cortar a planta em cerca de um terço ou metade da sua altura ajuda a arrumar a sua aparência e a remover quaisquer caules fracos ou danificados. Esta poda também pode reduzir a quantidade de folhagem que poderia abrigar pragas ou doenças durante o período de dormência. No entanto, deve-se evitar uma poda demasiado severa, pois a folhagem restante oferece alguma proteção à coroa da planta contra as flutuações de temperatura e geadas ocasionais.
A aplicação de uma camada de mulching (cobertura morta) à volta da base da planta é uma das medidas de proteção mais eficazes em climas amenos. Uma camada de 5 a 10 centímetros de material orgânico, como palha, folhas secas ou casca de pinheiro, ajuda a isolar o solo, protegendo as raízes das flutuações bruscas de temperatura. O mulching mantém a temperatura do solo mais constante e evita os ciclos de congelamento e descongelamento que podem danificar a coroa da planta. É importante aplicar o mulching após as primeiras geadas leves, mas antes que o solo congele profundamente, e manter o material afastado do contacto direto com a base dos caules para evitar o apodrecimento.
Durante o inverno, a planta pode entrar em completa dormência, perdendo a maior parte da sua folhagem, ou pode manter uma aparência semi-perene, especialmente nos climas mais quentes dentro da sua zona de robustez. A necessidade de rega durante este período é mínima. A menos que haja um período de seca prolongado e invulgar, a precipitação natural é geralmente suficiente. Apenas uma rega ocasional, talvez uma vez por mês, pode ser necessária para evitar que as raízes sequem completamente.
Hibernação em interiores em climas frios
Para os jardineiros em zonas mais frias (zona 8 e inferiores) que desejam salvar as suas plantas de dissódia peluda, trazê-las para dentro de casa durante o inverno é uma opção viável. Isto é mais fácil de fazer com plantas que foram cultivadas em vasos durante o verão. Antes da primeira geada prevista no outono, os vasos devem ser movidos para um local protegido, como uma garagem, uma cave fresca ou uma varanda fechada. O local ideal deve ser fresco e luminoso, com temperaturas que se mantenham acima do ponto de congelação, idealmente entre 5°C e 10°C.
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Antes de trazer as plantas para dentro, é crucial inspecioná-las cuidadosamente para detetar a presença de quaisquer pragas, como afídeos ou ácaros-aranha. Trazer plantas infestadas para o interior pode levar a uma explosão da população de pragas no ambiente quente e seco de uma casa. É uma boa prática pulverizar preventivamente a planta com sabão inseticida ou óleo de neem. Também se pode podar a planta ligeiramente para reduzir o seu tamanho e remover qualquer crescimento fraco ou danificado, tornando-a mais fácil de gerir no interior.
Durante o período de hibernação em interiores, as necessidades de água da planta diminuem drasticamente. A rega deve ser reduzida para o mínimo necessário para evitar que o solo seque completamente. Regar talvez uma vez a cada três ou quatro semanas é geralmente suficiente. O objetivo é manter a planta viva, mas num estado de dormência, não estimular o crescimento ativo. A fertilização deve ser completamente suspensa até à primavera. A planta pode perder algumas folhas, o que é normal.
A luz é um fator importante. Um local com luz indireta brilhante, como perto de uma janela virada a sul, é ideal. Se a luz natural for insuficiente, a utilização de luzes de crescimento pode ajudar a manter a planta saudável. Na primavera, quando o perigo de geada tiver passado, a planta deve ser gradualmente aclimatizada às condições exteriores ao longo de uma ou duas semanas antes de ser colocada no seu local de verão. Este processo de endurecimento é vital para evitar o choque e a queima das folhas.
Recolha e armazenamento de sementes
Para a maioria dos jardineiros em climas frios, o método mais prático e fiável de garantir a presença da dissódia peluda no ano seguinte é através da recolha e armazenamento das suas sementes. Este processo é simples e permite iniciar novas plantas na primavera seguinte, seja em interiores ou semeando diretamente no jardim. Para recolher as sementes, é necessário permitir que algumas das flores no final da estação amadureçam completamente na planta.
As cabeças das flores devem ser deixadas na planta até que as pétalas sequem e caiam, e o centro da flor (o receptáculo) fique seco e acastanhado. Este é o sinal de que as sementes no interior estão maduras. As cabeças das flores secas podem então ser cortadas e colocadas num saco de papel. Ao agitar o saco ou ao esfregar suavemente as cabeças das flores entre os dedos, as pequenas sementes pretas e alongadas soltar-se-ão. É importante garantir que as sementes estão completamente secas antes de as armazenar para evitar o desenvolvimento de bolor.
Depois de separar as sementes dos restantes detritos da flor, estas devem ser armazenadas num envelope de papel ou num pequeno frasco de vidro, devidamente etiquetado com o nome da planta e a data da colheita. O envelope ou frasco deve ser guardado num local fresco, seco e escuro, como uma gaveta ou um armário. A exposição à humidade, ao calor e à luz pode reduzir a viabilidade das sementes. Armazenadas corretamente, as sementes de dissódia peluda podem manter-se viáveis por vários anos.
Na primavera seguinte, estas sementes podem ser utilizadas para iniciar uma nova geração de plantas. Elas podem ser semeadas em interiores 6 a 8 semanas antes da última geada para obter mudas prontas para transplantar, ou podem ser semeadas diretamente no jardim assim que o solo aquecer. A recolha de sementes não só garante a continuidade da planta, como também é uma forma económica de aumentar o número de plantas no jardim ou de as partilhar com outros jardineiros, perpetuando a beleza da dissódia peluda.
📷Miwasatoshi, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons