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Plantação e propagação do gerânio-inglês

A plantação e a propagação do gerânio-inglês são processos fundamentais que permitem não só iniciar o cultivo desta magnífica planta, mas também multiplicar os exemplares existentes, garantindo a sua continuidade no jardim ano após ano. A plantação correta, que envolve a escolha do momento certo, do recipiente adequado e de um substrato de qualidade, estabelece a base para um desenvolvimento saudável e uma floração abundante. Por sua vez, dominar as técnicas de propagação, como a estacaria, abre a porta à criação de novas plantas idênticas à planta-mãe, uma forma gratificante e económica de expandir a coleção. Este guia abordará os passos essenciais e as melhores práticas para ambos os processos, assegurando que tenhas sucesso desde a raiz até à flor.

O sucesso da plantação de um novo gerânio-inglês, seja ele recém-comprado ou uma jovem planta propagada, começa com a preparação cuidadosa. O momento ideal para a plantação ou reenvasamento é na primavera, quando a planta está a iniciar o seu ciclo de crescimento ativo. Escolhe um vaso que seja apenas ligeiramente maior do que o torrão da planta, pois um recipiente excessivamente grande pode reter demasiada humidade e aumentar o risco de apodrecimento radicular. Garante que o vaso tem furos de drenagem suficientes, um requisito não negociável para esta espécie.

O substrato, como já mencionado, deve ser leve e bem drenado. Ao plantar, coloca uma pequena camada de substrato no fundo do novo vaso. Remove cuidadosamente a planta do seu recipiente original, tentando perturbar o mínimo possível as raízes. Se as raízes estiverem muito compactadas ou a circular no fundo do vaso (enoveladas), solta-as gentilmente com os dedos. Centraliza a planta no novo vaso e preenche os espaços laterais com o substrato fresco, pressionando ligeiramente para eliminar bolsas de ar, mas sem compactar demasiado a terra. O nível final do substrato deve ficar um pouco abaixo da borda do vaso para facilitar a rega.

Após a plantação, realiza uma rega inicial completa, até que a água comece a sair pelos furos de drenagem. Esta primeira rega ajuda o substrato a assentar-se ao redor das raízes. Nos dias seguintes, coloca a planta num local com luz indireta e protegida de condições extremas para permitir que se adapte ao seu novo ambiente sem stress adicional. Evita fertilizar imediatamente após o transplante; espera algumas semanas para que a planta se estabeleça e as raízes comecem a crescer no novo substrato, que já contém nutrientes iniciais.

A propagação é uma aventura entusiasmante no mundo da jardinagem. Para o gerânio-inglês, o método mais comum e eficaz é a propagação por estacas de caule. Este processo não só é simples, como também tem uma alta taxa de sucesso se for feito corretamente. A propagação permite criar clones exatos da planta-mãe, preservando as suas características de cor, forma e tamanho da flor. Além disso, é uma excelente forma de rejuvenescer plantas mais velhas e lenhosas ou de garantir a sobrevivência da planta durante o inverno.

O momento ideal para a propagação

Escolher a altura certa do ano para fazer a propagação do gerânio-inglês é um dos fatores mais determinantes para o sucesso do enraizamento das estacas. O período ideal para este procedimento estende-se do final do verão ao início do outono. Durante esta fase, a planta acumulou energia ao longo de toda a estação de crescimento, e os caules estão maduros e semi-lenhosos, mas ainda com vigor suficiente para desenvolver novas raízes. As temperaturas mais amenas desta época também são favoráveis, pois evitam o stress por calor excessivo nas estacas jovens e reduzem a taxa de evaporação.

Tentar propagar a planta no pico do verão pode ser mais desafiador. As altas temperaturas podem fazer com que as estacas desidratem e murchem rapidamente, antes mesmo de terem a oportunidade de formar raízes. Por outro lado, a propagação no final do outono ou no inverno também não é recomendada, pois a planta está a entrar ou já se encontra em período de dormência. O seu metabolismo está mais lento, o que dificulta e atrasa significativamente o processo de enraizamento, aumentando a probabilidade de as estacas apodrecerem antes de se estabelecerem.

A primavera também pode ser uma opção viável para a colheita de estacas, especialmente a partir dos novos rebentos que surgem após a poda de rejuvenescimento. No entanto, as estacas colhidas no final do verão são frequentemente consideradas mais robustas. Estas provêm de um crescimento que já amadureceu ao longo da estação, conferindo-lhes uma maior reserva de hidratos de carbono, que servem como energia para a formação do novo sistema radicular. A escolha entre primavera e final do verão pode depender do objetivo: na primavera, aproveita-se o material da poda; no final do verão, selecionam-se os melhores caules para garantir a sobrevivência da variedade durante o inverno.

Independentemente da época escolhida, é importante selecionar um dia em que a planta-mãe esteja bem hidratada. Evita retirar estacas de uma planta que esteja murcha ou sob stress hídrico. Rega bem a planta-mãe no dia anterior à colheita das estacas. Este simples passo garante que os caules estão túrgidos e cheios de água, o que aumenta drasticamente as suas hipóteses de sobrevivência durante o período crítico até ao desenvolvimento das primeiras raízes.

Seleção e preparação das estacas

A qualidade da estaca que selecionas da planta-mãe tem um impacto direto na sua capacidade de enraizar e desenvolver-se numa nova planta saudável. Procura por caules vigorosos, saudáveis e livres de quaisquer sinais de doenças ou pragas. Os melhores candidatos são os caules terminais, que não tenham florido recentemente ou cujas flores já tenham sido removidas. Estes caules devem ser firmes ao toque, nem demasiado moles e herbáceos, nem demasiado velhos e lenhosos. Um bom indicador é um caule que parte com um estalido limpo quando dobrado.

Com uma faca afiada e esterilizada ou uma tesoura de poda, corta uma secção do caule com um comprimento entre 8 a 12 centímetros. O corte deve ser feito na diagonal, logo abaixo de um nó foliar (o ponto no caule de onde cresce uma folha), pois é nesta zona que a concentração de hormonas de enraizamento naturais é mais elevada. Um corte limpo e preciso é crucial para minimizar os danos nos tecidos do caule, o que facilita a absorção de água e a formação de calo, o primeiro passo para o desenvolvimento das raízes.

Após o corte, a preparação da estaca é o próximo passo fundamental. Remove todas as folhas da metade inferior da estaca, deixando apenas três ou quatro folhas no topo. Esta medida é vital por duas razões: primeiro, reduz a perda de água por transpiração através das folhas, ajudando a estaca a manter-se hidratada; segundo, a parte do caule que ficará enterrada deve estar livre de folhas para evitar que apodreçam no substrato. Se as folhas restantes no topo forem muito grandes, podes cortá-las ao meio para reduzir ainda mais a transpiração.

Antes de plantar a estaca, é aconselhável deixá-la secar à sombra por algumas horas ou até ao dia seguinte. Este passo permite que a superfície do corte forme uma fina camada de calo, que atua como uma barreira protetora contra fungos e bactérias presentes no substrato, prevenindo o apodrecimento da base da estaca. Embora não seja estritamente necessário, muitos jardineiros consideram que este período de “cura” aumenta significativamente a taxa de sucesso da propagação, sendo um pequeno passo que pode fazer uma grande diferença no resultado final.

O processo de enraizamento

Depois de as estacas estarem devidamente preparadas, o passo seguinte é providenciar o ambiente certo para que desenvolvam raízes. O uso de uma hormona de enraizamento em pó ou em gel é altamente recomendado, embora não seja obrigatório. Mergulha a base da estaca (cerca de 1 a 2 cm) em água e depois na hormona, sacudindo o excesso de pó. Esta substância contém auxinas sintéticas que estimulam e aceleram o desenvolvimento das raízes, aumentando consideravelmente as hipóteses de sucesso e diminuindo o tempo de espera.

Prepara pequenos vasos ou um tabuleiro de alvéolos com um substrato de enraizamento muito leve e com excelente drenagem. Uma mistura de turfa e perlite, ou vermiculite e areia, em partes iguais, é ideal. Humedece ligeiramente o substrato antes de plantar as estacas. Com um lápis ou um pauzinho, faz um pequeno buraco no substrato para inserir a estaca. Isto evita que a hormona de enraizamento seja removida ao empurrar a estaca para a terra. Insere a estaca no buraco, garantindo que pelo menos um ou dois nós (de onde retiraste as folhas) fiquem enterrados, e firma gentilmente o substrato ao seu redor.

A criação de um ambiente húmido é crucial durante as primeiras semanas de enraizamento. Para conseguir isto, podes cobrir os vasos com um saco de plástico transparente (sem tocar nas folhas) ou uma tampa de propagador. Isto cria um efeito de mini-estufa, mantendo a humidade do ar elevada e evitando que as estacas desidratem. Coloca o propagador num local com luz brilhante, mas indireta. A luz solar direta iria sobreaquecer o ambiente e cozer literalmente as estacas. Lembra-te de ventilar a cobertura por alguns minutos todos os dias para evitar a condensação excessiva e o aparecimento de fungos.

O enraizamento geralmente leva entre três a seis semanas, dependendo das condições de temperatura e humidade. Podes verificar se as raízes se formaram puxando muito gentilmente a estaca; se sentires uma ligeira resistência, é sinal de que as raízes começaram a crescer. Outro sinal é o aparecimento de novo crescimento no topo da estaca. Assim que as estacas tiverem um sistema radicular bem estabelecido, podes transplantá-las para vasos individuais com um substrato mais rico e começar a aclimatá-las gradualmente a condições de humidade mais baixas antes de as tratares como plantas adultas.

Cuidados após a plantação

Após a plantação inicial ou o transplante de uma estaca já enraizada para o seu vaso definitivo, os cuidados nas semanas seguintes são cruciais para garantir uma transição suave e um estabelecimento bem-sucedido. Durante este período, a planta é particularmente vulnerável a stress. É fundamental evitar a exposição direta ao sol forte, ventos fortes ou flutuações drásticas de temperatura. Um local abrigado, com luz filtrada, é o ideal para esta fase de aclimatação. A planta precisa de tempo para que as suas raízes se expandam e se fixem no novo substrato.

A gestão da rega é de extrema importância nesta fase. O substrato deve ser mantido consistentemente húmido, mas nunca encharcado. O erro de regar em demasia é especialmente perigoso para uma planta recém-plantada, cujas raízes ainda não estão a absorver água a plena capacidade. Utiliza o método de verificação com o dedo, regando apenas quando a camada superior do solo começar a secar. Uma rega excessiva pode levar à asfixia e apodrecimento das raízes, comprometendo todo o processo de plantação.

A fertilização deve ser adiada por pelo menos três a quatro semanas após a plantação. O substrato fresco já contém nutrientes suficientes para as necessidades iniciais da planta. Além disso, as raízes recém-formadas ou perturbadas pelo transplante são sensíveis e podem ser “queimadas” por uma solução de fertilizante demasiado concentrada. Quando começares a fertilizar, opta por uma fórmula equilibrada, mas diluída para metade da força recomendada, aumentando gradualmente a concentração à medida que a planta mostra sinais de crescimento ativo e vigoroso.

Observa atentamente a planta para detetar sinais de adaptação e crescimento. O aparecimento de novas folhas e rebentos é um excelente indicador de que a planta se estabeleceu com sucesso. Por outro lado, se notares que as folhas estão a amarelecer ou a murchar, avalia as condições de rega e luz. Com paciência e os cuidados adequados durante esta fase crítica, estarás a preparar o teu gerânio-inglês para uma vida longa e saudável, recompensada com florações espetaculares nas estações seguintes.

 📷Velq1958CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

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