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A plantação e propagação da trombeta de anjo

A plantação e a propagação da trombeta de anjo são processos fundamentais que permitem não só iniciar o cultivo desta planta magnífica, mas também multiplicar os exemplares existentes, partilhando a sua beleza ou expandindo a sua presença no jardim. Um planeamento cuidadoso no momento da plantação estabelece as bases para um crescimento saudável e vigoroso, enquanto o domínio das técnicas de propagação abre a porta à criação de novas plantas a partir de um exemplar mãe. Ambos os processos, embora exijam atenção aos detalhes, são acessíveis a qualquer jardineiro com o conhecimento adequado. Este guia oferece uma abordagem profissional e detalhada para garantir o sucesso tanto na plantação inicial como na multiplicação da tua trombeta de anjo.

O sucesso da plantação começa muito antes de a planta tocar na terra. A escolha de um exemplar saudável é o primeiro passo crítico. Ao adquirir uma nova trombeta de anjo, procura uma planta com folhagem verde e viçosa, sem sinais de pragas ou doenças, como manchas, descolorações ou teias de aranha. Verifica o sistema radicular, se possível; raízes brancas e firmes são um indicador de boa saúde, enquanto raízes escuras e moles podem ser um sinal de apodrecimento. Uma planta com uma estrutura de ramos bem distribuída terá um melhor ponto de partida para se desenvolver numa forma equilibrada.

A preparação do local de plantação é igualmente crucial. Se a plantação for feita diretamente no solo em climas adequados, escolhe um local que cumpra os requisitos de luz e proteção contra o vento. O solo deve ser bem drenado e rico em matéria orgânica. Antes de plantar, é aconselhável cavar um buraco com o dobro da largura e a mesma profundidade do torrão da planta. Melhora a terra retirada do buraco misturando-a com uma quantidade generosa de composto orgânico, estrume bem curtido ou húmus de minhoca para enriquecer o solo e melhorar a sua estrutura.

Se a opção for o cultivo em vaso, a escolha do recipiente e do substrato é a decisão mais importante. Como já mencionado, um vaso grande com excelente drenagem é essencial. Prepara uma mistura de substrato de alta qualidade, combinando terra para vasos, composto e um material que promova a aeração, como perlite ou areia grossa. Enche parcialmente o vaso com esta mistura, cria um espaço no centro e prepara-te para colocar a planta. Este passo garante que as raízes terão um ambiente propício para se expandirem.

O processo de plantação em si deve ser feito com cuidado para minimizar o stress da planta. Retira a trombeta de anjo do seu vaso original com cuidado, tentando manter o torrão intacto. Se as raízes estiverem muito enoveladas, solta-as gentilmente com os dedos para incentivar o seu crescimento para fora. Coloca a planta no buraco ou no vaso, garantindo que a parte superior do torrão fique ao mesmo nível ou ligeiramente acima do solo circundante. Preenche os espaços vazios com a mistura de substrato preparada, pressionando ligeiramente para eliminar bolsas de ar, e rega abundantemente para assentar a terra.

A propagação por estacas

A propagação por estacas é o método mais comum, rápido e eficaz para multiplicar a trombeta de anjo. Esta técnica permite criar clones geneticamente idênticos à planta mãe, garantindo que as novas plantas terão as mesmas características de flor e crescimento. O processo pode ser realizado com estacas de madeira macia (ponteiras de ramos em crescimento ativo) ou de madeira dura (secções de ramos mais velhos e lenhosos). Ambos os tipos de estacas têm uma alta taxa de sucesso, desde que sejam seguidos os procedimentos corretos.

Para a propagação por estacas de madeira macia, o melhor momento é durante a primavera e o verão, quando a planta está em pleno crescimento. Escolhe ramos saudáveis e corta secções de 15 a 20 cm de comprimento, preferencialmente das pontas. Cada estaca deve ter pelo menos dois ou três nós (os pontos onde as folhas crescem). Remove as folhas da metade inferior da estaca para reduzir a perda de água por transpiração e evitar que apodreçam em contacto com o meio de enraizamento. Deixa apenas duas ou três folhas na parte superior, que podem ser cortadas ao meio se forem muito grandes.

O passo seguinte é o enraizamento. As estacas de trombeta de anjo enraízam facilmente em água ou diretamente num substrato húmido. Para o enraizamento em água, basta colocar as estacas num recipiente com água, trocando-a a cada dois ou três dias para evitar a proliferação de bactérias. Para o enraizamento em substrato, mergulha a base da estaca numa hormona de enraizamento em pó para estimular o desenvolvimento das raízes e insere-a num vaso pequeno com uma mistura leve e bem drenada, como turfa e perlite. Mantém o substrato consistentemente húmido, mas não encharcado.

Independentemente do método escolhido, as estacas precisam de um ambiente quente e húmido para enraizar com sucesso. Colocar os recipientes num local com luz indireta brilhante e cobrir as estacas plantadas em substrato com um saco de plástico transparente ou uma mini-estufa ajuda a criar um microclima ideal. As raízes geralmente começam a formar-se dentro de três a seis semanas. Quando as novas raízes tiverem alguns centímetros de comprimento (no caso da água) ou quando se observar um novo crescimento de folhas (no caso do substrato), as novas plantas estão prontas para serem transplantadas para vasos individuais com um substrato mais rico.

A propagação por alporquia

A alporquia é outra técnica de propagação vegetativa eficaz para a trombeta de anjo, embora seja menos comum do que a estaquia. Este método consiste em induzir o enraizamento num ramo ainda ligado à planta mãe. A principal vantagem da alporquia é que o ramo continua a receber água e nutrientes da planta principal durante todo o processo de enraizamento, o que resulta numa taxa de sucesso muito elevada e numa planta nova e já bem desenvolvida no momento da separação. É uma excelente técnica para criar exemplares maiores num período de tempo mais curto.

Para realizar a alporquia, escolhe um ramo saudável e lenhoso com pelo menos a espessura de um lápis. A uma distância de cerca de 30 a 40 cm da ponta do ramo, seleciona uma secção lisa, logo abaixo de um nó. Nesta secção, faz dois cortes circulares na casca, com cerca de 2 a 3 cm de distância um do outro. Com cuidado, remove o anel de casca entre os dois cortes, expondo a camada interna e lenhosa do ramo (o câmbio). Raspa ligeiramente a superfície exposta para remover qualquer tecido de casca remanescente e garantir que a ligação é completamente interrompida.

Depois de expor o câmbio, aplica uma hormona de enraizamento em pó na área do corte superior para estimular a formação de raízes. De seguida, envolve toda a área descascada com um punhado de musgo de esfagno húmido (previamente embebido em água e espremido para remover o excesso). O musgo deve cobrir completamente a ferida. Para manter o musgo no lugar e conservar a humidade, envolve-o firmemente com um pedaço de plástico transparente, prendendo as extremidades com fita adesiva ou ráfia para criar um selo hermético.

O processo de enraizamento pode levar de um a três meses, dependendo da época do ano e da vitalidade da planta. Através do plástico transparente, será possível observar o desenvolvimento das raízes no musgo de esfagno. Quando uma boa massa de raízes se tiver formado e preenchido o invólucro de musgo, a nova planta está pronta para ser separada. Utilizando uma tesoura de poda afiada, corta o ramo logo abaixo da bola de raízes e remove cuidadosamente o plástico. A nova planta, com o seu sistema radicular já formado, pode ser plantada diretamente num vaso com substrato adequado.

Cuidados pós-plantação e propagação

Após a plantação de um novo exemplar ou o transplante de uma estaca enraizada, a trombeta de anjo entra num período crítico de estabelecimento. Durante as primeiras semanas, a planta é particularmente vulnerável ao stress, pelo que os cuidados devem ser redobrados. É essencial manter o substrato consistentemente húmido, mas nunca encharcado. Uma rega adequada ajuda as raízes a recuperarem do choque do transplante e a começarem a explorar o novo substrato. Evita fertilizar imediatamente após a plantação; espera pelo menos três a quatro semanas para permitir que as raízes se estabeleçam primeiro.

Protege a planta recém-plantada ou propagada da luz solar direta e intensa e de ventos fortes. Um local com sombra parcial ou luz filtrada é ideal para as primeiras duas a três semanas. Isto reduz a perda de água por transpiração e permite que a planta concentre a sua energia no desenvolvimento de novas raízes em vez de na produção de folhagem. Se a planta mostrar sinais de murcha durante o dia, mesmo com o solo húmido, borrifar as folhas com água pode ajudar a aumentar a humidade e a reduzir o stress.

A monitorização de pragas e doenças é especialmente importante nesta fase de vulnerabilidade. As plantas stressadas são mais suscetíveis a ataques. Inspeciona a planta regularmente, prestando atenção à parte inferior das folhas e aos novos brotos. Ao primeiro sinal de problemas, age rapidamente para controlar a situação, utilizando métodos apropriados e, de preferência, de baixo impacto para não stressar ainda mais a planta. A prevenção é sempre a melhor abordagem, garantindo uma boa circulação de ar ao redor da planta.

À medida que a planta se estabelece e começa a mostrar sinais de novo crescimento, como o aparecimento de novas folhas, podes começar a introduzi-la gradualmente nas suas condições de cultivo ideais. Aumenta lentamente a exposição à luz solar e começa um programa de fertilização ligeiro, utilizando metade da dose recomendada inicialmente. A paciência é fundamental; dar à planta o tempo e as condições necessárias para se estabelecer solidamente resultará num exemplar forte, saudável e pronto para uma floração espetacular.

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